Se com a crise os portugueses não compram certos produtos, alguns mais caros, então não vale a pena tê-los à venda. Parece lógico, mas a ...
Se com a crise os portugueses não compram certos produtos, alguns mais caros, então não vale a pena tê-los à venda. Parece lógico, mas a Nobre assume que foi um risco acabar com 30% dos produtos do seu portfólio. "As marcas têm de se adaptar ou antecipar os movimentos dos consumidores e do mercado", defende Rui Silva, CEO da Nobre.
Assim, mantendo o foco dos produtos na tradição, através do fiambre da perna extra ou das salsichas tipo Frankfurt, a Nobre descontinuou produtos que não tinham saída. E apostou em produtos com preços mais em conta, alargando a gama de um euro, lançada em 2011. "Inicialmente, havia dúvidas da parte do cliente [super e hipermercados], porque já existiam as gamas de marca própria que cobriam a necessidade de preço baixo", explica Rui Silva. Mas foi um sucesso enorme.
De tal modo que "é hoje uma percentagem muito relevante das nossas vendas", diz, escusando-se a quantificar. "Arriscámos e ganhámos", frisa o CEO da empresa, destacando que a estratégia surge na sequência da experiência adquirida quando esteve na Pepsico na Irlanda. Aí, conta, "a crise foi mais intensa, com o PIB a cair 15 pontos, enquanto cá caiu 4 pontos."
Apesar disto, por cá, em casa onde há pouco dinheiro, as salsichas são uma opção mais comum. A Nobre vende cerca de 70 milhões de latas de salsichas por ano, o que dá sete latas por português.
No top 5 dos produtos mais vendidos, vem o fiambre da perna extra, com a receita do senhor Cândido (funcionário mais antigo da companhia), os fiambres de aves em forno de lenha, os enchidos e, por fim, as refeições prontas.
Fonte: Dinheiro Vivo